Ao levantamento documental na paróquia de Quixeramobim seguiu-se o da na cúria diocesana de Quixadá. A secretaria abriga vários livros de registros de batizados, de casamento e de óbito a partir dos anos cinqüenta do século XVIII. Antes de me voltar para esses documentos, minha intenção era encontrar documentos que tratassem mais diretamente da irmandade de Nossa Senhora do Rosário e foi isso que me alimentou a convicção de que era necessário passar por esse arquivo. Nenhum registro foi possível identificar como sendo pertencente à irmandade no período que lá realizei pesquisas e esse fato foi confirmado pela irmã Graça, chanceler da Cúria, ou seja, o de não existirem ali outros documentos de Quixeramobim que os registros de batizados, casamentos e óbitos.
Necessário é insistir e justificar, antes de uma listagem dos livros consultados, o que estou chamando de arquivo. Toda tentativa de organizar os documentos em condições adequadas, para mim, denota preocupação em manter e conservar as fontes que dão acesso ao passado. As condições ambientais na cúria diocesana não são adequadas devido ao calor, mas há uma preocupação de cuidado e de catalogação dos livros e por essa razão talvez se pudesse atribuir ao conjunto de Quixadá a característica de arquivo. Diga-se um importante conjunto de registros (de batizados e de casamentos) recolhidos das paróquias, tendo o de Quixeramobim uma importância numérica apesar de faltarem alguns volumes do século XIX, segundo confirmação da Zilda, secretária da instituição.
O critério de consulta e de pesquisa que utilizei para essa documentação foi o de antiguidade do documento. Então levantei os dados em dois tipos de livros: de batizado e de casamento. Os livros normalmente nomeados de assentos (de batismo e casamento) trazem na primeira página uma abertura dizendo:
‘Esse livro aede servir pª selançarem os assentos de casamentos dessa freguesia de Santo Antônio de Pádua de Quixeramobim Vª nova de campo maior que vai numerado com a mª rubrica – Sales Gorjão – e para constar fiz este termo, em que me assino. Vª de Campo Maior aos 16 de abril de 1800. Sales Gorjão. ’A consulta aos registros de batizados se mostrou bastante produtiva em função de sua grandiosidade numérica referente a escravos e pelas demais informações contidas neles, como a possível procedência dos africanos que chegaram ao Brasil. Listei e fotografei um número de 469 registros de batizados, compreendendo os anos de 1755 a 1799. Dentre estes, encontravam-se também alguns registros de batizado de Índios. Existe uma lacuna de seis anos nesse intervalo, ou seja, os anos de 1780 a 1786.
Quanto ao aspecto físico, no geral, os livros pesquisados se encontram em bom estado, salvo algumas folhas com acelerado processo de decomposição e desgaste da tinta, o que veio a impedir o entendimento e a visibilidade do texto. Isso também é válido para os livros de registro de casamentos referentes aos anos 1755-1799/1800-1810, excetuando algumas folhas em estado de acelerada decomposição, o que dificultou sua identificação. Desses dois livros que compreendem os anos 1755-1799 e 1800-1810, listei um número de 220 registros de casamentos de escravos e forros, incluindo-se nesses, alguns registros de casamentos entre escravos e Índios e entre forros e Índios. O livro de registros de casamento do início do século XIX encontra-se bem conservado e foi em virtude disso e do fato de haver uma modificação na classificação das pessoas que contraíam casamento, que tomei a decisão de fotografá-lo por inteiro. O critério aqui foi então levantar o registro em que houvesse menção de cônjuges escravos, Pretos, Pardos. Contam-se aí 196 páginas numeradas, em média com três registros em cada página. No cômputo geral estão assim distribuídos os registros por intervalo de ano.
Ano | Quantidade | |
Casamento | Batizado | |
1755-1760 60 | - | - |
1761-1770 | 9 | 39 |
1771-1780 | 33 | 194 |
1781-1790 | 25 | 59 |
1791-1800 | 48 | 177 |
1801-1810 | 105 | |
Total | 220 | 469 |
Fonte: Arquivo da Cúria de Quixadá
Não foi possível fazer a contagem dos registros desse intervalo devido o mal estado de conservação.